quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Metaleiro não, Headbanger!



Dentro do rock, o mundo metal tem um diferencial à parte. Os “headbangers” ou “headthrashers”, como são conhecidos os fãs de Heavy Metal, têm uma relação de sinceridade, técnica e companheirismo com a música. Isso porque a maioria dos amantes do ritmo não fala que curtem uma banda só para fazer média, 90% das músicas deste estilo são compostas por músicos que se inspiram na mescla do rock com a música clássica. A maior parte dos shows produzidos é fruto da parceria entre bandas e do apoio do público na divulgação de cds. Para complementar o perfil inicial dessa tribo, que circula no Centro Novo de São Paulo, mais pontualmente na Galeria do Rock, na rua 24 de maio, os caras destestam ser chamados de “metaleiros”.
André Mesquita, um dos sócios da Die Hard Rock´n´Roll CD´s, instalada na Galeria do Rock e especializada em Heavy Metal, explica que “metaleiros” é um termo pejorativo criado pela mídia na época da primeira edição do Rock in Rio, em 1985, relacionando o estilo de vida ao uso de drogas e brigas em shows. Por tal motivo, um “headbangers”, como André, odeia ter esse rótulo:

“Não consumimos drogas, não criamos confusão em shows, nunca. Não aceitamos produtos piratas, somos colecionadores e sabemos tudo sobre nossas bandas preferidas. Quase sempre tocamos algum instrumento e temos (ou teremos) banda um dia na vida.
Somos, na maioria, bilíngues e estudamos bastante. Não somos consumidores de roupas de marca ou freqüentadores de shopping ou barzinhos da moda. O som é pesado, podendo ter algumas baladas, aliás, as melhores baladas do mundo são de bandas de metal. Somos uma tribo mundial, em qualquer lugar você reconhece um headbanger”, desabafa.
Muito “black” no armário.
Uma outra característica dessa tribo é a adoção, no bom sentido, do preto como segunda pele. No armário de um amante do Heavy Metal, não pode faltar peças e acessórios pretos. “Pelo menos 70% dessa galera, se vestem da mesma maneira. Geralmente, calças e camisetas pretas, usam acessórios de couro, tipo braceletes, coturnos (botas), jaquetas. E o principal: são cabeludos”, afirma Paulo Roberto.
Para o colunista, a Galeria do Rock é um dos grandes pontos de encontro da tribo metal de São Paulo. E isso não é de hoje. Por volta da década de 80, período em que o estilo começou a emplacar no Brasil, muitos “headbangers” se encontravam na galeria para trocar informações.
“Naquela época, muitos ‘headbangers’ andavam com as conhecidas ‘pastas’ dos fãs, com fotos, matérias, etc. As amizades que foram criadas acabaram tornando o movimento mais forte do que é hoje, pois antes não existia MTV e programas de rádio, fora as revistas especializadas, que eram poucas”, relembra Paulo Roberto.
Uns dos pontos favoráveis para o surgimento do heavy metal, principalmente em São Paulo, foram os festivais ‘Heróis do Rock’ e ‘Praça do Rock’, realizados no Parque da Aclimação, que contou com a presença de bandas históricas, como: Patrulha do Espaço, Made in Brazil, Harppia, Centúrias, Abutre, Ave de Veludo, Salário Mínimo e Mammoth.

Curiosidade: O termo "metaleiro" foi criado pela Rede Globo, durante as transmissões do Rock in Rio (1985)
Talvez seja por isso que os Headbangers não gostam de ser chamados assim. rs

Rob Halford, a lenda.



Rob Halford começou sua carreira no Judas Priest em 1973, indicado pela namorada de K.K.Downing (que disse à época ter uma amiga que tinha um irmão que cantava divinamente bem). Downing foi ouvi-lo cantar em um show de uma banda antiga de Halford, chamada Lord Lucifer, e se impressionou com a diversidade de timbres que a voz de Halford continha, mas principalmente por seus agudos marcantes, sua marca registrada até hoje. Após 1 ano com Halford, a banda lança seu álbum de estréia (Rocka Rolla). Halford seguiu como frontman do Judas Priest de 1973 a 1992, retornando com a banda em 2004 até os dias atuais, lançando um total de 19 álbuns com a banda.
Halford nunca escondeu sua paixão por metal, e especialmente por metal extremo, como o Thrash Metal, chegando certa vez a referir o som do Slayer como "Metal pegando fogo". Halford profundamente influenciado por Pantera, resolve montar uma banda de Thrash Metal, nomeada de Fight, convidando musicos jovens para fazer parte da banda, inclusive o baterista do Judas Priest: Scott Travis. Rapidamente a banda lança seu disco de estréia (War of Words), e ainda lança mais dois discos (sendo uma álbum inteiro e um EP ao vivo). A banda chega ao seu fim em 1996.
Halford sempre teve sua veia experimental, e nesse rapido projeto ele fez um som mais industrial, flertando com o gotico. Nesta mesma época ele assume sua homossexualidade perante a midia.

Em uma entrevista para a Pollstar, Rob Halford fala sobre sua homessexualidade e expressa sua opinião sobre a homofobia que rola na comunidade Headbanger, confira:

Pollstar: Eu quero te dizer pessoalmente, como um gay assumido, quanto respeito eu tenho por você e por você ter se assumido.

Halford: "Bem, obrigado. Obrigado".

Pollstar: Você tem alguma idéia porque mais pessoas na cena não fizeram isso? Quer dizer, nós sabemos que há outras pessoas gays na cena.

Halford: "Sim, e eu acho, como você e eu temos vivenciado, que isto vai de acordo com suas necessidades pessoais e desejos. Algumas pessoas estão preparadas para viverem suas vidas de uma maneira invisível. Há milhões de pessoas como nós que mantém suas vidas privadas e estão felizes em fazer isso. E há alguns de nós que percebe que se você tem força - e eu acredito que é uma questão de força - você tem que avançar e dizer a todos quem você é. Eu digo, você vai a lugares como Amsterdã e é como 'Do que você está falando? Você é gay. Então, o que isso tem a ver com qualquer coisa?' Eu queria que o mundo fosse todo assim, mas não é. Eu penso, particularmente no metal, ainda há um nível de incompreensão. Ainda há um nível de fobia e intolerância. Mas pra mim, e para nós no PRIEST, nós nunca realmente - 'sofremos' não é a palavra - nós nunca fomos expostos a esse tipo de reação. Porque nós ainda temos milhões de fãs que nos amam. Então aqui vamos nós. Talvez eu seja o único - você conhece o show 'Little Britain'? - talvez eu seja o único gay por aqui".

Pollstar: De alguma maneira, eu duvido disso.

Halford: "Eu estou falando no metal. Talvez eu seja o único vocalista. Eu não sei. Talvez alguém se assuma mais pra frente, talvez não. Não tem muito a ver comigo. Eu não sou realmente um porta-voz. Eu não vou me esconder. Eu estou ciente do significado disto e isto me faz sentir muito agradecido quando eu encontro pessoas, como aconteceu numa outra noite. Um cara sussurou no meu ouvido 'Você mudou minha vida, cara' e eu disse 'O que você quer dizer?' Ele disse 'Por causa do que você fez, eu pude me assumir'. E eu achei que isto foi ótimo e nos cumprimentamos. Você não está ciente das coisas secundárias, mas está tudo relacionado. É tudo importante".

Pollstar: Você acha que o fato de vocês terem feito turnês demais e não terem contado com as vendas dos álbuns pôs vocês numa situação melhor para superar algumas das mudanças que estão para acontecer agora nos negócios?

Halford: "Eu acho que em nossas mentes nós ainda acreditamos firmemente que somos tão bons quanto a última coisa que fizemos. Então, nós sempre estamos muito focados. E é claro que isto tem sido parte de nossa filosofia. Eu sei tanto quanto você sobre a condição geral da indústria musical - como nós temos visto, literalmente virou de cabeça para baixo com a invenção da Internet - e eu acredito que, mais do que nunca, nós estamos determinados a cair na estrada e deixar as pessoas nos verem pessoalmente. Eu acho que este é o lado real das turnês que nós fazemos - quer dizer, eu mantenho um olho na Pollstar e o outro em outros lugares - e eu sei que agora mesmo nós estamos em tempos difíceis. Há uma recessão mundial. Todos nós estamos sentindo o aperto. E eu acredito que é válido para todo mundo tentar adaptar este clima - nos preços dos ingressos ou o que quer que se possa fazer. Tendo dito isto, quando os tempos estão difíceis, pessoas procuram por entretenimento. Elas vão ao cinema. Elas fazem de 'O Cavaleiro das Trevas' um filme com um dos maiores faturamentos brutos na história da indústria cinematográfica. E é a mesma coisa com shows. As pessoas mais do que nunca tem a necessidade, em tempos difíceis, de dizer 'Venham, entrem no carro e vamos ver o PRIEST. Vamos ao cinema. Vamos escapar do mundo em que vivemos'. Então, eu acho, é exatamente onde nós estamos agora e eu espero que isto não dure demais. Mas você tem que se adaptar e ajustar para o tempo em que nós vivemos".

Nos próximos posts mostraremos como o heavy metel veio para o Brasil.
No final da década de 60 e inicio da década de 70, bandas como Black Sabbath, Deep Purple, Uriah Heep, Grand Funk Railroad pioneiras no estilo e tenha certeza de que estas bandas sacudiam as cabeças frenéticas de fãs ensandecidos com todo aquele peso das guitarras que até então era novidade para época.

Segundo os guitarristas do Status Quo ,Rick Partiff e Francis Rossi, muitos dos apreciadores do rock underground da época em pubs da Inglaterra nas cidades de Birmingham e Londres, já realizavam este tipo de dança ouvindo rock e soul. Eles próprios quando decidiram adotar um estilo de rock mais underground e frequentar estes pubs, perceberam como os frequentadores destes recintos agiam e decidiram fazer o mesmo no palco. Automaticamente bandas como Black Sabbath, Deep Purple, Uriah , por frequentarem os mesmos locais também começaram a adotar o mesmo tipo de atitude no palco. Bill Ward, ex-baterista do Black Sabbath, comenta em um video de Ozzy Osbourne que este estilo de atitude foi crucial para o sucesso do Black Sabbath em terras americanas.

Então foi o movimento destas bandas apoiadas por apreciadores e fãs da época que fez existirem headbangers. Mas na verdade os mesmos somente foram denominados desta maneira a partir do surgimento da NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal) um movimento criado por bandas que resgatavam o heavy metal no final dos anos 70 e início dos anos 80. O nome headbanger foi inicialmente enfatizado pelos Ramones, em uma canção chamada "Suzy Is A Headbanger", lançada no álbum Leave Home de 1977. Com o movimento punk em alta, a Revista de Rock inglesa "Sounds", que deu suporte para bandas da época como Iron Maiden, Saxon,
Angelwitch, Samson, e Tygers Of Pan Tang associou a nova gíria ao comportamento dos fãs da nova vanguarda do heavy metal, criando assim o nome do movimento.

E no próximo post, falaremos sobre Rob Halford, um dos reis do metal e um ícone para os Headbangers.